“Não se trata de que a mulher arrebate o poder ao homem. Isso não mudaria o mundo. Trata-se de derribar a concepção de poder establecida.”
Grécia, Pérsia, Roma, China, foram alguns dos lugares que em algum momento da sua história se cruzaram com as temidas Amazonas. A sua imagem de mulheres aguerridas, extremamente violentas e insensíveis, que retiravam uma mama para poder usar melhor o arco e flecha chegou até aos nossos dias e tem inspirado reiteradamente romances, filmes, séries de televisão ou BD.


O caso das amazonas é um exemplo claro de uma mentira repetida reiteradamente ao longo dos séculos. Durante um tempo, as amazonas habitaram na esfera da fantasia e pensou-se que eram simplesmente produto da imaginação dos antigos gregos. Mas as amazonas foram reais e a arqueologia moderna encarregou-se de desenterrar a sua autêntica identidade.
O exaustivo ensaio da investigadora Adrienne Mayer, Amazonas. Guerreiras do mundo antigo, apresenta-nos uma imagem real destas mulheres guerreiras das estepes. As amazonas, eram mulheres que pertenciam a povos citas. Os seus túmulos mostram-nos um grande número de mulheres enterradas com artefactos bélicos que provam que “nas culturas guerreiras das estepes, os cavaleiros de ambos os géneros desfrutaram de uma paridade impensável para os antigos helenos”. As Amazonas surpreenderam com a sua galhardia e durante mais de dois mil anos mantive-se a crença de que cortavam uma mama para poder lançar melhor as suas flechas, o que não tem nenhuma “evidência empírica”.


Também não é certo que as Amazonas odiassem os homens ou que assassinassem os bebés do género masculino. Está imagem esteriotipada de umas guerreiras despiadadas pode ter surgido da forte sorpresa por parte dos gregos, os primeiros que falaram delas. Quando a Grécia dou de frente com os povos das estepes, chocaram dois modelos sociais muito diferentes, no que diz respeito à igualdade de género. Se por um lado os citas eram sociedades nas quais ambos géneros tinham papéis similares, o contrário acontecia na Grécia, as mulheres gregas viviam submetidas a um rigoroso patriarcado. Não é de estranhar que os gregos, que mantinham as suas mulheres, irmãs e filhas, recluídas no gineceu, saindo apenas em ocasiões especiais, ficassem em choque e coléricos ao descobrir que outra sociedade (mais igualitária entre homens e mulheres) era possível.
“Em Themyscira temos um adágio: não mates se podes ferir. Não firas se podes subjugar. Não subjugues se podes apaziguar. E não ergas em nenhuma situação a mão sem antes a teres estendido.”
Wonder Womam – amazona personagem de BD
Nomes como Hipólita, Atalanta, Antíope, Pentesilea, Talestris, Hipsicratea… passaram à história como as amazonas que fizeram frente a heróis e reis da antiguidade como Aquiles, Teseo, Heracles, Alejandro Magno ou Pompeu, chegando a lutar contra guerreiros da longínqua Ásia. “Foram temidas – como nos conta Pizan no livro The Book of the City of Ladies – pelos seus feitos bélicos ao longo do mundo.”

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