"Há milénios que buscamos respostas e só temos perguntas. É um Sentido que procuramos. Mas o Universo não responde" Passagens, Teolinda Gersão
Clube de Leitura – As Leitoras de Pandora
Passagem de Teolinda Gersão | Novembro 2016
Daqueles livros que terminamos e já não somos mais as mesmas. O que, se pararmos para pensar é um tanto estranho: creio que, ao todo, levei quatro dias a lê-lo. Em quatro dias não se muda tanto assim, pois não? Ou mudamos?
Como o próprio título do livro propõe, a verdade é que estamos a cada dia de passagem.
Uma constante passagem numa vida contínua. Mudamos a nós e às nossas percepções e, às vezes, muda-se tanto que pensamos não mudar de fato nada. Uma narrativa que por si mostra muito do que é a passagem da vida. Começa pelo fim – ou pelo que julgaríamos sê-lo – e, então, mostra tudo o que é realmente: começo, meio e fim. Atemporal, o que se esconde por entre as linhas do dia-a-dia. Um início mais lento em que vamos nos encontrando, tateando o entender sobre o que se passa. Desata a crescer quase acompanhando a nossa própria evolução. Vamos dando-nos conta de que aquilo que julgávamos saber era quase irrelevante de tão superficial. Conforme a escrita adentra-se na nossa pele já não mais podemos fugir.
As gotas de sentimento vão acumulando-se, sobrepondo-se, consumindo-nos até o respirar do suspiro final.
Agora fomos. Presas na indistinta confusão de nossa própria história e antepassados não conseguimos evitar o que virá. Somos quase forçadas a aproximarmo-nos da verdade a tal ponto que avançamos as páginas com uma ânsia que devora cada palavra com gula e nos deixa, ainda assim, sedentas por mais. Mais. Mais!
Nessa gula pelo saber lemos quase em um só golpe. Nulas pausas para respirar. É um crescendo de emoções. As gotas de sentimento vão acumulando-se, sobrepondo-se, consumindo-nos até o respirar do suspiro final. Mas ainda precisamos de tempo. As 183 páginas não nos dão espaço suficiente para trazer à tona o sentido de tudo que se passou.
Somos, agora, outras e transbordamos de passagem para um “novo” mundo. É assim o
encontro com a verdade. Atinge os nossos olhos como raios de sol.
Somos, agora, outras e transbordamos de passagem para um “novo” mundo.
Somos nómadas, fluídas, em constante movimento…O livro vai para a lista: “a ler o mais breve possível”.
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