Purga, é um romance intenso, duro e emotivo… quando nos sentamos a ler as suas páginas, entramos num mundo escuro que nos faz disparar o coração.
Purga, é um thriller mas também um retrato da Estónia subjugada ao nazismo e depois sujeitada a tirania soviética após a 2ª guerra.
Purga, é um relato devastador sobre a crueldade, o medo e a luta constante por sobreviver.
As suas páginas são uma constante volta ao presente e ao passado, desenhando assim uma história que vai desde 1949 até 1992, um ano após a independência da Estónia.
Este vai e vem, entre passado e presente, é seguido na 3ª pessoa e nasce do encontro entre duas bravas mulheres que chegaram ao limite das suas forças, a sobrevivente Allide e a jovem Zara.
Este encontro obriga-as a enfrentar-se com o seu passado.
Duas mulheres, duas gerações diferentes, duas histórias que se unem através da violação como crime de guerra e a exploração das mulheres: a desumanização da mulher tentando reduzi-la a mero objecto.
Ao longo das páginas de Purga, Oksanen cria uma atmosfera de suspense, cheia de segredos, amores impossíveis e mentiras que nos atrapam e tornam a nossa leitura frenética.
Os acontecimentos que constroem esta história são cruéis, removem a nossa consciência acomodada e, principalmente, para além da dureza, há desesperança porque o futuro parece não existir para estas mulheres.
Purga, é um romance bem documentado, sente-se que Oksanen cresceu entre o este e o oeste, ouvindo muitas histórias de um lado e outro para poder recriar as duras condições de vida dessa época na Estónia. Oksanen faz um retrato limpo da pobreza, da alienação, do medo, do exílio e da humilhação que sofrem as mulheres como Aliide ou Zara.
Purga, é um romance com muita garra, incómodo e duro e por isso totalmente apto para uma boa leitura!