O ponto de vista de quem vivência o colapso
E eu uma mulher sempre sorrindo.
Tenho apenas trinta anos.
E como o gato, nove vidas para morrer.
(trecho do poema “Lady Lazarus”, de Sylvia Plath)
Gosto da Esther. Esther é a personagem deste romance da escritora Sylvia Plath, tem uma visão muito crítica, às vezes ácida, da sociedade e de si mesma, mas aos poucos a indiferença ganha terreno, distanciando-a do mundo à sua volta. Ao mesmo tempo que lida com a sua depressão, Esther também faz a passagem de menina para jovem mulher. Mais do que um relato sobre os problemas mentais, A Campânula de Vidro é uma narrativa singular sobre as dores do amadurecimento.
A Campânula de Vidro é uma obra autobiográfica de Sylvia Plath. Mas devemos ler “autobiográfica” dentro de um certo limite, no qual temos a consciência de que os factos podem ter sido adicionados para dar mais ênfase à história. De qualquer forma, é muito difícil dizer o que não foi real, porque muitas das passagens que Sylvia narra, realmente aconteceram, há biografias dela onde os autores/autoras confirmam as informações e as ocasiões citadas.
Sylvia Plath
Muitas pessoas, conhecem a escritora Sylvia Plath devido ao seu suicídio. O que é um desrespeito com a obra que nos deixou. Uma obra onde podemos ver toda a entrega que ela tinha ao escrever.
Poucas pessoas conseguem descrever sentimentos tão bem quanto Plath o fez na A Campânula de Vidro.
Há uma riqueza nesse entendimento que me comove profundamente. Identificamo-nos tanto com os sentimentos de Esther que chega a ser algo assustador.
Quando terminei a leitura, senti-me abraçada, compreendida. Esther, apesar de ser uma excelente aluna, cobra de uma forma extrema de si mesma e ainda tem muitas dúvidas sobre sua vida, qual caminho deve seguir. O mundo parece girar mais rápido do que deveria. Além disso, ela questiona muito sobre o papel da mulher na sociedade. Esther percebe que a sua condição de mulher é a razão para certas coisas acontecerem na sua vida, por isso, podemos considerar que A Campânula de Vidro é um livro feminista.
A vida na metrópole deixa a Esther desorientada. Além disso, ela não se enquadra no estereótipo de “rapariga fútil”. Assim, a personagem vai ficando deprimida e angustiada, e, aos poucos, a loucura domina a sua existência, e a ‘menina’ Greenwood conta-nos a dificuldade de viver com a sensação de estar presa numa redoma de vidro.
"Para a pessoa que estava na campânula de vidro, apagada e interrompida como um feto morto, o mundo em si era o sonho mau."
Boa leitura e muita sororidade